Clube da Dona Menô
Dona Menô

PRESBIOPIA
Síndrome do braço curto...

Todo mundo já brincou quando alguém não consegue enxergar algo de perto e precisa afastar o rosto para isso, como por exemplo, para ler bulas. A pessoa afasta o braço, dando maior distância entre o foco de leitura e os olhos. Logo vem a desculpa: Não é que eu não enxergue, mas meu braço é curto...”.

Na medicina apelidamos de Síndrome do Braço Curto (uma gíria, apenas), popularmente chamada de vista cansada. Cientificamente chama-se presbiopia – a contração de duas palavras gregas: “présbys” (velho, senil) e ops (olho, visão), ou seja, olho de ancião.

É um problema que acomete mais de 50 milhões de pessoas, só no Brasil. Mesmo pessoas que jamais anteriormente precisaram de óculos, a partir dos 40 anos (em média), apresentam gradualmente dificuldade de acomodação da visão para perto. Inicialmente o recurso de distanciar dos olhos o foco desejado é satisfatório para focalização, mas, com o tempo, fica inviável qualquer esforço visual e a pessoa recorre ao uso de óculos apropriados.

Entendido até aqui? Nunca pensou que com sua idade alguém ainda ia lhe chamar de présbita, não é? A que ponto a gente chega... Mas em outras línguas a semântica ameniza o problema, como no inglês far-sightedness, que quer visão à distância, usada para dizer que alguém é perspicaz. Menos mal...

A cada sete anos (ou menos) até os 60 anos, ganha-se um grau a mais em presbiopia, mas não se assuste, pois depois desta idade, a coisa tende a se estabilizar...

O olho é um órgão com múltiplas facetas e, apesar de pequeno e vulnerável, pois está facilmente exposto a várias agressões externas, tem um elaborado e complexo mecanismo de um dos sentidos mais importante para o ser humano: a visão. Chega a ser filosófico isso: consideramo-nos tão superiores e poderosos, e, entretanto, se repentinamente falarem as duas pequenas lentes em nossa cabeça, estaremos dependentes e indefesos.

Respeito e reverencio a pessoa cega que soube se adaptar a sua deficiência, usando o recurso da inteligência e aprimorando o poder dos demais sentidos. Não obstante, o cego “aprende” a ter uma das maiores armas para nossa sobrevivência: a paciência. Digo isso pois viver sem enxergar é extremamente difícil em curto prazo, assim que se perde a visão, o que nos faz entender o quão privilegiados são aqueles que têm o apoio e ajuda para tal adaptação e integração social.

O présbita é um pequeno exemplo, ameno que seja, do que é ficar “cego”. É só nos observarmos em casa, tentando ler a receita de um bolo naquelas caixinhas ou latinhas do mercado, ou lendo as contraindicações na bula de algum medicamento que o médico prescreveu. A gente compra até lupa e não consegue ler... Insistimos que temos visão 20X20 e que óculos ou lentes são para outras pessoas. Deixamos de ler certas revistas e livros, mesmo que inconscientemente; protelamos a visita ao oftalmologista até nos descobrirmos incapazes visualmente; chegamos ao ponto de pedirmos “casualmente” emprestado os óculos do amigo ao lado...

O que causa a presbiopia

O cristalino é uma lente biconvexa, transparente, flexível, que muda sua forma de acordo com a necessidade para visualização de algo à distância. O que movimenta o cristalino é o músculo ciliar.

O cristalino fica convergente (mais espesso), se para a visão de coisas próximas, aumentando a refração, para longe é o contrário (fica mais delgado). Analogicamente o cristalino faz a mesma função que a lente de uma câmera fotográfica.

O envelhecimento natural do ser humano faz com que os músculos que controlam o cristalino fiquem mais fracos, não se contraindo com a mesma capacidade de antes. Com isso, fica impossível focalizar coisas, ou seja, não há acomodação da visão.

O cristalino leva a luz externa para dentro da retina, que é a parte do olho que tem células nervosas que levam, através do nervo óptico, a mensagem da imagem ao cérebro.

A retina está na parte profunda do olho e contém células fotossensíveis. É lá que interpretamos as cores e somos capazes de ver à noite. Ela transforma estímulos luminosos em estímulos nervosos, como um computador interpretando informações. E é no cérebro que essas informações são entendidas - o que chamamos visão.

O interessante é que o olho capta de cabeça para baixo a imagem externa para levá-la à retina, como numa máquina fotográfica. É o cérebro inverte a posição do objeto focado para que o enxerguemos perfeitamente.

Leila Marinho Lage
http://www.clubedadonameno.com