Clube da Dona Menô
Dona Menô

A cura do câncer!!!

Tenho uma paciente estrangeira, a qual atendo há alguns anos. Descobri nela um câncer no corpo uterino, num estágio muito perigoso.

Apesar da idade avançada, ela suportou muito bem a radioterapia posterior a uma grande cirurgia, e não apresenta metástase para nenhum órgão até hoje. Mas a maior dificuldade foi a comunicação verbal, apesar de ela morar no Brasil desde jovem.

Ela e seu marido, além de bem idosos, moram sozinhos, ninguém os acompanha às consultas. Eu acho que a maior etapa que venci foi o diálogo com eles, explicando sobre tudo o que acontecia e tentando passar segurança e esperança. A outra etapa eu passo até hoje, explicando como marcar exames, até marcando os exames para eles, encaminhando-os como se fossem crianças. Até as receitas e os procedimentos são explicados com roteiros, desenhos e esquemas mil, para que não se percam. Tenho certeza absoluta de que o que em primeiro lugar a deixou bem o tempo todo foi minha paciência.

O “terror” é quando eles vão ao consultório sem marcarem hora e querem atendimento, mesmo com a sala superlotada, às vezes para falarem coisas que podiam ser ditas ao telefone. Em outras ocasiões, se não fosse isso, ela estaria morta, pois certas queixas em pessoas de idade são muito sutis. É preciso examinar, ouvir, raciocinar bastante.

Eles dizem que é muito mais fácil irem lá e pararem meu atendimento, a qualquer hora, afinal, eles acham que podem! E POOODEM... Eles, sim, podem. Eu tenho mais que aturar, sorrir e estar pronta para ajudá-los, como um karma!!!

Adoro quando ela vem sozinha. Como ela fala menos que ele, eu me surpreendo com uma mulher jovem atrás daqueles olhinhos, muitas vezes uma menina muito carinhosa e que pega nas nossas mãos. E o seu toque diz tanta coisa...

A gente pensa que todo idoso é retardado ou que não alcança um diálogo informal. Nada disso... Eles entendem da vida e sabem muito bem sobre as palavras... Não tenho frescura com ela em nada. Se é pra falar, eu falo e pronto. Ela faz o mesmo comigo. E foi assim um dia desses:

Numa consulta de rotina, ela se vira e pergunta: “Por que você não consertou minha bexiga naquela cirurgia? Ela está arriada!”.

Eu dei uma resposta esfarrapada: “Porque a cirurgia foi grande e idoso pode sofrer com um tempo de cirurgia prolongado...”.

Ela retrucou: “Mas você podia dar uma levantadinha só!”.

Eu vi que ela estava a fim de brincar e confessei: “Eu nem sabia se você ia sobreviver ao câncer! Como eu podia consertar sua bexiga? Tá a fim de operar de novo?”.

Ela me olhou pelos cantos dos olhos e negou. Ela sabe que é idosa demais para aventuras assim, apesar de se sentir muito bem clinicamente e achar que ainda vai viver por muitos anos. Assim espero.

Ela descobriu a origem do câncer. Sim! Ela me contou! E passo a vocês como isso aconteceu. Ela começou o seu discurso (com um português extremamente arrastado e confuso):

- “Meu filho era muito pequeno e nós dependíamos de posto de saúde para seu tratamento. Ele tinha uma doença (concluí que foi tuberculose) e tinha que tomar muitos remédios. Uns a gente comprava, mesmo sem podermos. Quando eu não aparecia no posto, alguém me notificava. Hoje não se faz mais isso...”.

Até aquele momento eu não entendia a correlação entre a doença do filho e seu câncer, mas a deixei continuar:

- “Eu nunca tive doença nenhuma. Quando tive uma, foi pra me arrasar de vez, né? Ninguém na minha família teve câncer. E meu filho acabou curado...”.

Não aguentei e perguntei a razão de falar do filho, pois nada tinha a ver com o nosso assunto. Ela explicou:

- “Mulheres com filhos podem ter câncer!”.

Eu disse que isso até tinha um pouco de verdade, se bem que a nuliparidade, ou seja, nunca ter engravidado, está mais diretamente relacionado com o câncer do corpo uterino. Ela não quis me ouvir, até porque aquilo era muito complicado para sua cabeça. E ela complementou seu pensamento:

- “Mulheres com filhos têm preocupações. Meu câncer aconteceu por causa de muitas preocupações na vida”.

O câncer tem muitas causas. Pode ser causado por fatores genéticos, por condições ambientais, por hábitos nocivos e muito tem a ver com imunidade celular. Um dos fatores que desencadeia a não defesa celular é o emocional ruim. Na verdade, o câncer aparece do nada e muitas pessoas podem ser acometidas pela doença sem terem qualquer fator predisponente para tal.

Quando o leigo fala em câncer, pensa logo em uma única doença, mas não é bem assim. Cada câncer, de cada órgão, tem características diferentes, e os tumores são diferentes entre si também, comportando-se de maneira diferente em cada pessoa. No caso desta senhora, ela ficou boa e talvez vá morrer de velhice mesmo...

Aí, enquanto os médicos estudam, trabalham, fazem congressos, pesquisam, vem um médico italiano, faz uma página na Internet, publica um vídeo com vários trechos nada conclusivos de endoscopias do sistema gastrointestinal, com a “prova” de seu revolucionário tratamento para todos os cânceres (bicarbonato de sódio) e até escreve livros sobre isso.

Ele diz que qualquer câncer é causado pelo fungo cândida albicans, esta que todos temos convivendo conosco desde a boca até o ânus. Tem-se cândidas na vagina, na pele, no sistema respiratório, em qualquer lugar. Já fiz textos sobre candidíase, que estão na área de Temas Médicos, em Doenças Sexualmente transmissíveis. Deveriam ler para entenderem melhor o que digo.


Como o fungo se aproveita de nossas baixas defesas, é comum que pessoas com câncer, e ainda, fazendo quimioterapia, tenham infecções por causa dela. Os tumores gástricos e intestinais podem ser colonizados pelo fungo, mas nem de longe este é a causa do tumor, ao contrário do que o médico diz e que não é aceito pelas sociedades de oncologia, nem em qualquer meio médico.

Quando se instila bicarbonato de sódio em colônias de fungos, devido à alcalinização do meio, essas colônias diminuem, mas nem por isso vai-se aplicar bicarbonato em superfícies dos órgãos com câncer. As células malignas não morrem por causa do bicarbonato de sódio, como o tal médico quer “provar”.

Ainda sou mais a minha paciente. Ela, sim, soube mais com a sua simples vida do que este médico com toda a sua dita experiência...

Leila Marinho Lage

16 de março de 2009

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