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O CÉREBRO E O ORGASMO

O cérebro é composto por uma massa cinzenta, lobulada, cheia de circunvoluções, contendo milhões de células nervosas chamadas neurônios. Cada setor tem funções específicas, porém, algumas partes se interligam. As correntes elétricas que se produzem nestas células são transportadas entre si e ao corpo com um determinado propósito.

O sistema nervoso autônomo, que não é regido pela nossa vontade, mas, por reações comandadas pelo cérebro, intervém positiva ou negativamente no funcionamento de todo o organismo.

No centro do cérebro existe uma unidade chamada Sistema Límbico,  que rege muitas atividades e uma das mais importantes é a formação da emoção.

É aqui que encontraremos o orgasmo, mas, para isso, deve-se falar de cada parte deste sistema:

AMIGDALAS (Não confundam com as da garganta)

São duas estruturas, cada uma num hemisfério cerebral, que torna o animal, inclusive o homem, agressivo ou dócil. Área da afetividade e ansiedade. Situa-se na profundidade de cada lobo temporal anterior (na parte lateral da cabeça) e está em íntima relação com o Hipotálamo, que falaremos a seguir.

É o centro identificador do perigo, o que nos permite ficar alerta a alguma agressão externa, por menor que seja, dando condições para fugir ou lutar.

Se experimentalmente destruirmos este local, a pessoa se torna apática, afetivamente descaracterizada, indiferente ao risco. Ao contrário, o seu estímulo leva à agressividade.

HIPOCAMPO (direito e esquerdo)

Responsável pela memória de longa duração. Em condições de ameaça o hipocampo recolhe informações passadas de situações similares, levando o animal a decidir pela melhor atitude para a sua preservação.

A destruição do hipocampo impede o armazenamento da memória.

TÁLAMO e HIPOTÁLAMO

São asa áreas mais importantes do sistema límbico. Interagem com o organismo em várias funções, tais como:  regulação da temperatura, fome, sede, comportamento, prazer, raiva, aversão, riso, desprazer, gargalhadas, ansiedade, pânico, desejo sexual.
 
O hipotálamo área da emoção, dos sentimentos, mas, os mecanismos são interligados às outras áreas do cérebro.

GIRO CINGULADO

Situado na face medial, entre os dois hemisférios cerebrais. É um feixe nervoso, que na sua área frontal, coordena odores e visões com memórias agradáveis de emoções anteriores, regula a reação à dor e ao comportamento agressivo.

Com a extirpação desta área domestica-se um animal selvagem. Uma excisão em um dos seus feixes pode tirar e a depressão e ansiedade.

TRONCO CEREBRAL

Aqui os neurônios secretam adrenalina. Participam dos mecanismos de alerta, vitais para a sobrevivência, e da manutenção do ciclo vigília-sono.

É importante frisar que adrenalina e noradrenalina são eliminadas pelas glândulas supra-renais. Estas substâncias causam aumento da força muscular, inclusive do coração, com aumento da freqüência cardíaca e respiratória e sudorese, pela queima calórica neste momento metabolismo acelerado.

Situações de susto, medo, surpresa e diante de um perigo, é necessário que nossos órgãos estejam mais oxigenados, e para isso o coração deve trabalhar mais rápido, para levar o sangue a todo o corpo, principalmente os músculos.
 
ÁREA TEGMENTAL VENTRAL

Grupo de neurônios numa área do tronco cerebral que também sintetizam um dopamina, precursora natural da adrenalina e noradrenalina. Ela tem como função a atividade estimulante do sistema nervoso central.  Com uma descarga elétrica nestes neurônios a dopamina induz sensação de prazer e motivação, similar ao orgasmo. A dopamina também está associada ao Mal de Parkinson (escassez na via dopaminérgica nigro-estriatal) e à esquizofrenia (desbalanceamento com excesso na via dopaminérgica mesolímbica e escassez na via mesocortical).

Estudos relatam que as pessoas que geneticamente tem reduzidos os receptores nestas células não se sentem satisfeitos com as emoções comuns de prazer e podem ter tendência ao uso do álcool ou drogas para alcançarem, o mesmo fim. A compulsão por doces, especialmente o chocolate, e o jogo com apostas podem estar relacionados com o defeito nestas áreas do cérebro.

SEPTO

Situado na frente do tálamo e acima do hipotálamo. Aí estão localizados os centros do orgasmo e das sensações de prazer sexual.

ÁREA PRÉ-FRONTAL

Não faz parte do sistema límbico tradicional, porém, por suas conecções com o restante do cérebro, desempenha importante papel nos estados afetivos.

A lesão do córtex pré-frontal leva a pessoa a perder o senso de responsabilidade social e concentração.
A lobotomia (retirada desta área) foi muito utilizada em distúrbios psiquiátricos, e, mesmo com a permanência da audição, visão e linguagem, os pacientes se tornavam alienados a sentimentos como alegria, tristeza, afetividade, esperança ou desesperança.

SERÁ A SEROTONINA?

A serotonina é uma substância neurotransmissora que existe naturalmente em nosso cérebro e, como tal, serve para conduzir a transmissão de uma célula nervosa (neurônio) para outra. Parece ter funções diversas, como o controle da liberação de alguns hormônios
e a regulação do ritmocircadiano,
do sono e do apetite, entre outras.
Ela tem uma ação sedativa e calmante e será eliminada em maior quantidade nas células cerebrais após a resolução do orgasmo.

Atualmente a Serotonina está intimamente relacionada aos transtornos do humor, ou transtornos afetivos e a maioria dos medicamentos chamados antidepressivos agem produzindo um aumento da disponibilidade dessa substância no espaço entre um neurônio e outro.

Para se ter uma noção da influência bioquímica sobre o estado afetivo das pessoas, basta lembrar dos efeitos da cocaína, por exemplo. Trata-se de um produto químico atuando sobre o cérebro e capaz de produzir grande sensação de alegria, ou seja, proporciona um estado emocional através de uma alteração química. Outros produtos químicos, ou a falta deles, também podem proporcionar alterações emocionais.

Alguns desses neurotransmissores, notadamente a serotonina, noradrenalina e dopamina, estão muito associados ao estado afetivo das pessoas. Assim sendo, hoje em dia é mais correto acreditar que o deprimido não é apenas uma pessoa triste, aliás, alguns deprimidos nem tristes ficam. É mais acertado acreditar nos deprimidos como pessoas que apresenta um transtorno da afetividade, concomitante ou proporcionado por uma alteração nos neurotransmissores e neuroreceptores.

Leila Marinho Lage
CRM 52-38501-5
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