Clube da Dona Menô
Dona Menô


OSTEOPOROSE
(Artigo do Dr Marcelo Motta para o Clube da Dona Menô)

A osteoporose é uma doença progressiva, “epidêmica” e silenciosa, acometendo o tecido ósseo de muitos indivíduos de ambos os sexos, geralmente na 3ª idade, principalmente mulheres após a menopausa.

Com a evolução da Medicina em todo o mundo, é normal que a expectativa de vida aumente e em consequência disso, surjam com maior frequência, problemas decorrentes da idade avançada. Problemas, estes, que acabam tendo uma enorme repercussão sócio-econômica quando analisamos, por exemplo, os altos custos gerados no diagnóstico, internação, tratamento e reabilitação (quando é possível)  de um paciente idoso, certamente portador de outras doenças de base (fatores agravantes) e acometido de uma fratura de fêmur acarretada pela osteoporose.

Ao contrário do que muitos pensam, o osso é um tecido vivo e que está em constante metabolismo, onde células morrem, ao mesmo tempo em que outras nascem durante as 24 horas do dia, num ritmo cadenciado desde a vida intra-uterina. Para termos esta cadência organizada e eficiente,  muitos fatores interagem de forma normal nas diversas etapas deste processo, conferindo crescimento, dureza e resistência a cada osso do nosso corpo.

O osso contribui com algumas funções básicas em nosso organismo, sendo elas: a de locomoção, proteção e reserva mineral. Determinados ossos participam desta locomoção, quando passam a servir de sustentação, alavanca e, ainda, auxiliado pelos músculos, permitem não só o caminhar, como, também, os vários movimentos que nosso corpo é capaz de realizar.

Outra função é a de proteção, como podemos observar nos ossos do crânio (protegendo o encéfalo) e estruturas próximas; nos ossos da bacia (protegendo os órgãos pélvicos); no gradil costal (protegendo o coração, pulmões e demais estruturas ali localizadas); a medula espinhal (envolvida pela coluna vertebral).

Por fim, o osso exerce a função de “banco mineral“, quando o organismo recorre a ele, extraindo elementos vitais como o cálcio e o fósforo, que servem para realizar algumas funções tais como: contrair os músculos do coração, permitindo, com isso, a circulação sanguínea  por todo o corpo.

De uma forma geral, a OSTEOPOROSE tem como principal mandamento a  PREVENÇÃO.

Para se conseguir um osso sadio, é preciso dar condições ao nosso organismo para que esta formação seja alcançada.

É importante termos uma alimentação rica, principalmente em cálcio, que será utilizado durante a fase de formação e crescimento do esqueleto, e, também, será armazenado em nossos ossos, criando uma “poupança”.

O cálcio é encontrado principalmente no leite e seus derivados, peixes, frutos do mar e verduras de folhas escuras como brócolis, espinafre e couve.

A necessidade diária para um jovem em crescimento, assim como para um adulto acima dos 65 anos, fica em torno de 1500mg/dia, o que corresponde aproximadamente a 5 copos de leite.

A absorção de cálcio e fósforo no intestino depende da Vitamina D. Esta, por sua vez, é sintetizada na pele pela ação dos raios solares. Por isso, temos a necessidade imperiosa de nos expor ao sol, principalmente pela manhã ou no final da tarde, quando são preponderantes os raios infravermelhos, que são benéficos para todos os seres vivos, desde que não sejam expostos exageradamente a estes.

 Esta vitamina está presente em apenas um número restrito de alimentos, incluindo gema de ovo, fígado, ostras e alguns peixes oleosos.

Os exercícios físicos estimulam o metabolismo ósseo, dando-lhe “vitalidade”, além de aumentar a força muscular, o que pode ser importante nos casos de quedas e acidentes de pessoas com os ossos fracos.

 O jovem atinge o pico de sua massa óssea entre 18 e 20 anos.  Já na fase adulta, a reabsorção tende a ser ligeiramente maior que a formação de osso, sendo um pouco maior nas mulheres. Com o avançar da idade e agravada principalmente por alterações hormonais fisiológicas, esta “perda” se acentua muito, favorecendo a ocorrência de fraturas por trauma mínimo, principalmente em antebraço e fêmur, e, também, acarreta alterações estruturais na coluna, decorrente de micro-fraturas ocasionadas pela mudança na arquitetura interna dos corpos vertebrais.

Ao chegar neste ponto, a piora na qualidade de vida do paciente acometido se torna inevitavelmente difícil, podendo gerar muitos transtornos como internação em caso de fratura, cirurgia, dores constantes, dificuldade em realizar tarefas antes conseguidas, dentre outros.

Devemos lembrar que o idoso normalmente enxerga menos,  levanta mais durante a noite, sente algum tipo de tonteira ou fraqueza nas pernas e, de alguma forma, fica exposto a tropeços, principalmente se tivermos tapetes, fios, escadas, etc. em seu caminho. Termos uma casa segura também faz parte de uma prevenção eficaz.

Atualmente, um dos exames complementares mais precisos e utilizados no Brasil e no mundo para se detectar a diminuição da massa óssea é a Densitometria Óssea. Este exame busca a análise, em locais previamente convencionados, da quantidade de massa óssea presente e diferenciar a osteoporose já instalada, da osteopenia (que é uma perda óssea em grau ainda inferior ao da osteoporose).

Muitos são os medicamentos que poderão ser empregados após uma rigorosa avaliação médica, que buscará identificar as particularidades de cada caso. Dentre eles temos os medicamentos à base de certos hormônios (que poderão ser sintéticos ou não), os bifosfonatos, o cálcio, a vitamina D e alguns outros.

Atualmente tem-se abordado com frequência sobre o benefício da terapia hormonal com estrogênios para as mulheres na menopausa. Os ossos têm receptores destes hormônios, que agem tanto no aumento da formação óssea quanto na diminuição da absorção do osso. Os estrogênios também agem indiretamente no bom metabolismo ósseo por contribuir para a absorção de cálcio no intestino, além de propiciar a liberação de outros hormônios que atuam no transporte de cálcio no sangue e na formação óssea, que são: a calcitonina e o paratormônio.

As mulheres sofrem mais de osteoporose que homens por terem massa óssea menor, sendo as maiores candidatas para a osteoporose, principalmente as mulheres brancas (origem caucasiana), de baixa estatura e magras.

De uma forma geral, a OSTEOPOROSE deve ser encarada por todos nós como uma doença “SILENCIOSA” e crescente também no Brasil. Devemos, com isso, buscar cada vez mais a sua identificação precoce e orientação correta, visando minimizar os seus efeitos maléficos, mas,  acima de tudo, devemos incessantemente procurar formas eficientes de PREVENÇÃO.

Dr Marcelo Motta
CRM 52-57059-8
Ortopedia e Traumatologia
Densitometria Óssea