Clube da Dona Menô
Dona Menô


MENOPAUSA

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Definição 

A fase reprodutiva das mulheres é o período da vida em que os ovários produzem hormônios femininos e estes eliminam óvulos a cada mês para a fecundação. Esta fase tem um tempo definido.

Os ovários vão diminuindo suas funções aos poucos até haver sua falência natural. A mulher passa a não ovular e começa a ter irregularidades nos ciclos menstruais (ciclos anovulatórios) até deixar de menstruar.

A irregularidade menstrual e hormonal podem durar meses ou anos. Este período se chama climatério, quando pode se manifestar a partior daí uma série de sintomas e sinais, repercutindo no corpo e na partes endócrina, psíquica e social.

Climatério se origina da palavra grega klimakter, que significa ponto crítico da vida humana.

Estas mudanças no físico e no emocional vão continuar em graus diferentes em cada pessoa quando a menopausa se instala definitivamente.

Antes de esclarecer tais alterações, é necessário se explicar os diferentes conceitos usados em ginecologia, baseados na Organização Mundial de Saúde (OMS):

Climatério – Fase da mulher marcada pela transição da vida reprodutiva para a não reprodutiva.
Em torno dos quarenta anos a mulher já pode começar a apresentar distúrbios menstruais relacionados à deficiência hormonal.

Menopausa natural – Cessação permanente da menstruação resultante da perda da atividade folicular ovariana.
A menopausa natural é reconhecida como tal após 12 meses consecutivos de amenorréia (ausência de menstruação).

Menopausa induzida – A parada da menstruação devido à remoção dos ovários ou por ação de quimioterapia ou radioterapia que afetem estes órgãos.

Perimenopausa – O período que inclui a fase imediatamente anterior à menopausa até o primeiro ano após a parada das menstruações.

Pré-menopausa – O período compreendido entre o 40° ano de vida e o início dos ciclos irregulares.

Pós-menopausa – fase avançada da menopausa, a partir do primeiro ano da cessação das regras.

 O que acontece com as glândulas?

Glândula é todo órgão que produz ou elimina substâncias com alguma finalidade específica no corpo. Como exemplo, temos a glândula salivar, que elimina saliva para a proteção da boca e para a primeira digestão dos alimentos.

Algumas glândulas produzem hormônios (glândulas endócrinas). Hormônio é toda substância química produzida por uma glândula, que vai agir no organismo para uma determinada função. Como exemplo, temos o hormônio tireoideano (da tireóide) e a insulina do pâncreas.

Os hormônios agem em células específicas e podem trabalhar simultaneamente com outras glândulas para agirem em um órgão ou em todo o corpo.

Os ovários são glândulas, pois produzem hormônios femininos: os estrógenos (estrona e estradiol) e a progesterona.

O hormônio mais importante para a mulher é o estradiol. Em certo grau, os ovários também produzem esteróides  com ação androgênica (androstenediona e testosterona). Estes esteróidos são uma derivação do estradiol nos ovários, mas também são produzidos nas glândulas supra-renais. Estes serão produzidos mesmo após a menopausa e colaboram com a libido feminina (sensualidade e desejo sexual).

O ovário também tem outra função, que é eliminar a cada mês um óvulo para ser fecundado, quando entra a adolescência em diante. Estes óvulos ficam armazenados dentro da glândula e são amadurecidos por ação sinérgica de hormônios produzidos pelo cérebro, tireóide, etc. Ou seja, algumas substâncias, produzidas em diversas glândulas, participam em conjunto para que o ovário funcione ciclicamente e complexamente.

Os hormônios femininos aumentam ou diminuem durante um ciclo em torno de 28 dias, comandados pelos ovários e o cérebro. Chamamos de retro-alimentação ou feed-back.

Cada fase do ciclo tem uma característica: fase pré-ovulatória (folicular), ovulatória, pós-ovulatória (lútea) e período menstrual.

Os ovários “envelhecem” e seu tecido funcionante vai deixando de produzir hormônios e eles vão perdendo a capacidade de manter a fertilidade, pois os óvulos são consumidos ao longo da vida.

Os óvulos são guardados dentro de estruturas chamadas folículos ovarianos, onde também se produzem os hormônios femininos.

Quando um bebê do sexo feminino nasce, este tem em torno de 700.000 oogônias (óvulos em uma fase primitiva).

Nem todos os óvulos amadurecem e são fecundáveis. Muitos atrofiam num mesmo ciclo. Por isso, a importância de termos milhares deles ao nascermos.

Resumindo em uma frase:

A menopausa é a PARADA da função estrogênica (hormonal) e reprodutiva dos ovários (ovulação).

Entendi (mais ou menos). Vai, continua...

No nosso cérebro temos o hipotálamo e a hipófise que, dentre várias funções, mandam mensagens para os ovários trabalharem.

Os estrogênios agem principalmente nas mamas, no útero, nos ossos, na gordura, na pele e na vagina.

Se os ovários não têm mais matéria prima em seu interior para produzir estes hormônios, o cérebro continua enviando ordens, porém sem sucesso.

Isto pode ser constatado no sangue através da dosagem do LH (hormônio luteinizante) e FSH (hormônio folículo estimulante) - hormônios hipofisários.

Por outro lado, é o hipotálamo que comanda a hipófise. Este é o rei da maioria de nossas funções vitais.

Na menopausa temos altas taxas de “ordens” (LH e FSH altos) e taxas baixas dos hormônios femininos, numa incessante e frustrada tentativa de se manter a fertilidade e as características femininas.

Outra glândula importante na menopausa é a supra-renal, aliás, “as glândulas supra-renais”, que se localizam uma em cada lado do corpo, na região lombar, acima dos rins.

Elas produzem vários hormônios, mas, no nosso caso, nos restringiremos à sua atuação durante a menopausa.

As supra-renais também produzem androgênios (androstenediona e testosterona). Estes hormônios podem se transformar em hormônio feminino (estrona).

Na menopausa o estrógeno circulante não é mais de origem ovariana e, sim, da supra-renal, mantendo as características femininas, no entanto sem a mesma qualidade do estradiol, do ovário.

As mulheres também podem reservar hormônio feminino na gordura do corpo. Este pode ser eliminado na corrente sanguínea por longos anos após a menopausa. Geralmente a mulher obesa tem menos sintomas de menopausa por conta do depósito estrogênico no tecido gorduroso.

Podemos dizer que a gordura passa a ter um função hormonal, como se fosse uma glândula.

Por um lado é bom, porque ela fica assintomática. Só que o estrogênio depositado vai agir nas mamas e no útero de uma forma anormal e sem controle e ela se torna uma candidata ao câncer nestes órgãos.

A mulher tem mais gordura que o homem e deve ser assim. Só que tudo em excesso é prejudicial para ambos.

É importante frisar que cada pessoa terá em maior ou menor grau os sintomas e alterações físicas da menopausa. Não só por um fator genético, como por fatores emocionais inerentes a cada ser humano.

A seguir, relatamos em cada setor as mudanças causadas por esta fase da mulher.

Cada vez mais as pessoas procuram viver o mais naturalmente possível, mas muitas pessoas sofrem com a menopausa, que deveria ser considerada uma coisa normal, fisiológica.

Tal qual um (a) adolescente, que passa por mudanças e pode as sentir “na pele”, a mulher menopausada tem suas nuances, que somente alguns percebem e as consideram importantes.

A tensão pré-menstrual (TPM), até mesmo a gravidez, são motivos de piadas, como também, os problemas com a sexualidade e a impotência masculina. Mas, é na menopausa que a mulher se vê diante de uma crise e conflitos, lembrando-a que o fim da juventude está próximo - justamente na época em que ela está madura e experiente para viver intensamente.

Quando todos aprenderem que estas coisas são apenas fases da vida, que merecem respeito e atenção da sociedade, teremos uma população mais saudável e produtiva.

Alterações menstruais

Os primeiros sinais desta fase são:

- Ciclos menstruais irregulares, com atrasos ou muito curtos.
- Menstruações com fluxo sanguíneo abundante ou escasso.
- Parada definitiva da menstruação.

É importantíssimo que a mulher se previna da gravidez neste período, pois, apesar de estar perdendo a capacidade reprodutiva, ela poderá eventualmente ovular. Seus ciclos estão irregulares e ela não pode confiar em tabelinhas de período fértil. Esta ovulação pode acontecer em um dia totalmente imprevisível.

Distúrbios neuro-vegetativos e os sintomas vaso-motores

O cérebro possui receptores de estrogênios. Estes hormônios atuam na excitabilidade dos neurônios. Eles alteram a atividade elétrica ao nível do hipotálamo (área no cérebro também responsável, dentre outras funções, pelo comportamento).

No sistema nervoso central os estrogênios possuem ação antidepressiva, em contraste com a progesterona, que tem propriedades anestésicas.

A progesterona em alta dose pode levar a sonolência, tonteira, comportamento disfórico e depressivo.

Estrogênio e progesterona possuem ação oposta no cérebro à custa de regulação de uma substância chamada serotonina.

Isto explica a Tensão Pré-Menstrual, quando a progesterona está em níveis aumentados.

Por falta dos estrogênio muitas mulheres podem apresentar na menopausa:

- Depressão,

- Mudanças de humor,

- Diminuição da capacidade cognitiva (distração, esquecimento, etc).

- Quadros variáveis de alterações motoras,

- Cefaléia (dor de cabeça),

- Insônia,

- Fogachos (ondas de calor no tórax e no rosto),

- Rubor facial,

- Sudorese aumentada.

- A demência senil pode ser acelerada pela falta dos estrogênios, mas não é provado que a menopausa seja sua causa básica.

- O desejo sexual humano é complexamente elaborado e não está apenas ligado ao estrogênio. Este depende de vários fatores emocionais, sociais e comportamentais, porém muitas mulheres percebem que há uma mudança na sua resposta sexual (tanto no desejo, quanto na excitação), podendo levar à impossibilidade de se alcançar o orgasmo.

Na queda dos estrogênios, quando isto afeta prejudicialmente a mulher, é determinante a intervenção do ginecologista na escolha terapêutica adequada para cada pessoa - seja com os tratamentos tradicionais ou alternativos.

Deve-se ter critérios na avaliação de cada caso, inclusive na necessidade ou não de apoio psicoterápico.

A mulher madura perde sua capacidade procriativa; passa por mudanças radicais em seu corpo; tem responsabilidades e preocupaçôes inerentes à sua fase da vida; pode estar com uma série de patologias orgânicas ou psicológicas e tudo isso pode confundir a avaliação do seu perfil psicológico com problemas da menopausa, que passa a ser erroneamente a responsável por todos os dramas femininos.

Envelhecimento cutâneo e dos anexos

No climatério as principais alterações dermatológicas são o envelhecimento da pele, aparecimento de rugas, alterações na pigmentação da pele e mudança na textura, quantidade e cor dos cabelos.

Este envelhecimento se deve à diminuição das secreções endócrinas e estreitamento das arteríolas que irrigam a pele. Isso altera a nutrição do tecido, a diminuição do colágeno e das fibras elásticas.

Tanto a pele quando a gordura, os vasos e os músculos serão afetados pelo envelhecimento do corpo.

Aparecem o ressecamento, rugas, sulcos, diminuição da massa muscular e desordem na distribuição do tecido gorduroso.

Os estrogênios são bons colaboradores para a manutenção do colágeno e da elasticidade da pele em todas as suas camadas.

Como se formam as rugas:

Quando a pele perde sua elasticidade, os músculos abaixo dela ficam frouxos. O subcutâneo se dissolve e a pele perde seu apoio, levando às rugas.

Aparecem sulcos horizontais na fronte e no nariz, pregas nas pálpebras e canto dos olhos (pés de galinha), no lábio superior e na frente da orelha, além de uma marcante ruga oblíqua no sulco nasolabial.

A partir de 45 anos, em média, a pigmentação cutânea pode modificar. Os melanócitos (que são responsáveis pela pigmentação da pele) diminuem em número, causando manchas claras na pele.

Por outro lado, principalmente nas pessoas muito claras, evidenciam-se sardas no rosto e no corpo, que são causadas pelo depósito anormal de melanina na pele.

Chama-se de anexos cutâneos os pêlos do corpo, os cabelos, as glândulas sebáceas e sudoríparas. Todos vão diminuir com a idade (em ambos os sexos) e isso se deve a muitos fatores: fator hereditário, mudanças hormonais diversas, alimentação, hidratação, fatores ambientais e uma série de doenças.

Os pêlos diminuem em número, em volume e embranquecem. Primeiro na cabeça, depois no tronco e membros. É muito comum, também, se perceber a rarefação dos pêlos do púbis e axilas.

Paradoxalmente, nas mulheres, podem surgir mais pêlos faciais, que ficam maiores e mais espessos. Os cabelos ficam mais finos e brancos e até há casos de calvície.

Muitas mulheres percebem queda de cabelo e falhas no couro cabeludo e que seraõ mais perceptíveis na menopausa avançada.

Atrofia mamária

As mamas, a partir da diminuição dos estrogênios, sofrem atrofia progressiva e estas glândulas tendem a diminuir em tamanho, sendo substituídas por tecido gorduroso, tanto no seu interior, na glândula em si, quanto em torno das mesmas.

Como já foi dito, a falta de estrogênio diminui o colágeno, que sustenta vários tecidos e órgãos no corpo. Com os músculos do tórax e o tecido desta área enfraquecidos, somado á natural substituição gordurosa, as mamas tendem à flacidez.

Atrofia Urogenital

A vagina é diretamente influenciada pelos estrogênios. Eles a deixam elástica, com a rugosidade característica.

Por ação dos hormônios femininos a vagina se protege das bactérias externas, por conta de uma flora bacteriana de proteção e de um PH ácido.

É comum na menopausa haver maior incidência de infecções vaginais, representadas por secreções anormais eliminadas pela vagina (corrimento) ou infecções urinárias (sintomáticas ou assintomáticas; leves ou graves).

Não só a vagina é mediada pelos hormônios, mas, também, a vulva (parte externa da genitália feminina) e a uretra (orifício da bexiga para drenagem da urina).

A umidade própria do local diminui por falta de hormônio e por diminuição da circulação sanguínea.

Nesta condição, a relação sexual pode ser dolorosa (dispareunia). A mulher experimenta a sensação de secura vaginal, dor na micção, prurido e queixa de ardor na penetração, ocasionalmente causando sangramento pós-coito.

Comumente a mulher percebe mudanças no aspecto da vulva. Os grandes lábios perdem seu tecido elástico e a gordura subcutânea; os pequenos lábios ficam proeminentes, o clitóris diminui e os pêlos pubianos ficam mais rarefeitos.

Na entrada da vagina há duas glândulas, que são invisíveis e impalpáveis quando estão em pleno funcionamento (glândulas de Bartholin). Estas drenam uma secreção viscosa para o treço inferior da vagina, próximo ao introito, durante a excitação sexual.

Isto facilita a penetração do pênis no ato sexual. A falta de estrogênio ou da irrigação sanguínea podem atrofiar estas glândulas ou prejudicar sua drenagem normal, o que leva a mais um fator doloroso na relação sexual.

Repito que não se pode interpretar o comportamento sexual da mulher apenas como um fator hormonal, mecânico ou psicológico, mas um conjunto de fatores, determinando-se todos os meandros do universo feminino que possam interferir nesta sexualidade e na qualidade de seu relacionamento sexual.

Disfunção urinária

Uma das maiores  complicações da menopausa é a disfunção urinária, pois, além de um problema físico, está intimamente ligada ao convívio na sociedade, uma vez que tolhe a liberdade e o conforto da mulher.

Denomina-se assoalho pélvico as estruturas músculo-aponeuróticas que sustentam os órgãos no interior da pelve - também chamado de região perineal ou períneo (o andar de baixo do corpo).

Se os estrogênios são um fator de manutenção da força dos tecidos de sustentação do corpo, é de se entender que o assoalho pélvico sofra com a atrofia destas estruturas, levando à queda de órgãos intrapélvicos, como a bexiga e o reto (a parte final do intestino, que termina no ânus).

Como a vagina é um canal em comunicação com o meio externo, a bexiga, a uretra e o reto podem se herniar através dela, abaulando suas paredes. Na parte superior da vagina observa-se o rechaço da bexiga ou do canal uretral, e na parede inferior, o abaulamento do reto. 

Chma-se popularmente  estas alterações “de problema de períneo”, “queda da bexiga” ou urina solta.

Nem sempre a anatomia muda tanto, mas atualmente uma enorme parte da população feminina sofre com esta patologia.

As pessoas com vida sedentária, que tiveram alimentação pobre em proteínas e vitaminas, e com peso corporal acima do recomendado, são as mais predispostas a estes distúrbios.

O problema se agrava se a mulher já passou por traumas de parto, quando as estruturas musculares podem se esgarçar e afrouxar. A mucosa vaginal apresenta rupturas antigas, ocasionando o prolapso genital - que pode ser de graus variáveis.

A bexiga pode ter dificuldade de ser esvaziada ou ter seu esvaziamento incompleto. Mais comumente se percebe urgência para urinar, perda intermitente de urina, gotejamento de urina após micção, incontinência urinária aos pequenos esforços (tais como a tosse, espirro ou por qualquer movimento que exija a prensa abdominal).

Uma minoria, porém, não tão raro de se encontrar, vai apresentar prolapso parcial ou total do útero, com a exteriorização deste órgão.

Problemas urinários e anatômicos da região genital afetam diretamente o social, uma vez que a mulher passa a se limitar na sua vida quotidiana; a se proteger com absorventes higiênicos; a mudar a indumentária e seus hábitos; a não beber líquidos, a não participar de eventos sociais ou de lazer; inclusive prejudicando seu desempenho sexual.

Leva-se a crer que muitas mulheres omitam estes sintomas e anomalias, por vergonha, por medo de uma possível correção cirúrgica ou por fugirem de tratamentos dispendiosos.

Somente o acompanhamento e o esclarecimento médico com o especialista poderão elucidar estas questões e direcionar cada pessoa para o tratamento mais adequado ou sua prevenção.

Leila Marinho Lage
GInecologia e Obsterícia

CRM 52-38501-5
http://www.clubedadonameno.com