Clube da Dona Menô
Dona Menô
Arroz à Piamontese

Aqui é Dona Menô para mais uma aula para quem não saca chongas de cozinha.

Inspirada por uma falha técnica no fogão (desliguei o bocal errado, queimei o ensopado e não fiz café), hoje tive a idéia de fazer um arroz à Piamontese para uma turma que chegou de surpresa. Surpresa MESMO, porque eu não tinha quase nada preparado na geladeira, a não ser um arroz que não deu certo.

Arroz que não dá certo:

Comida é como nosso estado de espírito. Já perceberam que tudo que fazem com amor, carinho e paciência sai mais gostoso? Isso acontece muito com o café. Mas o meu arroz da semana saiu uma merda, mesmo com todo o amor do mundo pra dar.

Sabem aquele arroz meio cru, meio duro, meio sem sal, meio pálido? Era o meu arroz... Dava até pra comer com ovo frito, se eu estivesse sozinha, mas apresentar aquele arroz para qualquer ser humano normal seria uma heresia gastronômica...

Arroz bom é arroz arbóreo, próprio para risotos, mais macio e molhado. Essa coisa de arroz parboilizado não é comigo. Não tenho enzimas no estômago para digeri-los. A culinária italiana usa arroz mais macio para seus pratos.

Três tipos de arroz italiano
 
Arroz Carnaroli: É um híbrido com mais amido. Favorito dos italianos. O grão demora mais para cozinhar, mas mantém melhor o cozimento al dente e o resultado é mais cremoso.

Arroz Arbório: é o tipo mais comum, por isso, o mais barato. Os grãos são grandes e o branco mais perolado. Combina com risotos que levam porções maiores de carne.

Vialone Nano: Grão menor, arredondado. Alguns o consideram melhor porque cozinha por igual. Bom para risotos delicados, com ingredientes miúdos ou frutos do mar.

Seja lá qual tipo de arroz  você faça, quando ele desanda é um horror. Foi o que aconteceu com o meu... E na hora dos visitantes esfomeados, eu tinha que inventar. Graças a Deus nenhum deles tinha problema com dietas, ou seja, comiam qualquer parada.

A pior coisa é fazer comida gordurenta ou cheia de amido e a pessoa avisar que está de dieta... Um dia eu ainda vou ensinar pra vocês como alguém com restrição de calorias pode comer muito bem, mas hoje eu passo a receita do Arroz à Piamontese, totalmente contraindicado para doentes renais, hipertensos, muito menos, diabéticos - mas é maravilhoso pra quem não sabe qual doença tem...

Piemonte


A região do Piemonte fica ao norte da Itália. Quando lá fui, voltei mais gorda, mas, logicamente, já tinha atravessado a Itália toda e acabei ao sul, lá na ponta da bota. Comi todas. Linguiças não me faltaram, mas os pratos de peixe da Costa Amalfitana me renderam meses de dieta aqui no Brasil. Salve, salve, meu cardiologista! Que Deus o agracie com muitos anos de vida para cuidar da minha...

Voltando ao arroz, veio do Piemonte a origem do tal prato com arroz, que é feito com arroz carnaroli (não sei que droga é essa não, mas tudo bem). São grãos que dão cremosidade ao prato.

Risotto alla piamontese leva Dolcetto (vinho típico da região), cebola, alecrim, lombo de vitela, manteiga, tomate, trufa branca da região de Alba, azeite de oliva, sal e pimenta.


Eu não tinha nada disso! Só sabia que a trufa podia ser substituída por champignon. Isso eu tinha na geladeira, como também eu tinha creme de leite (diet), manteiga (diet). Resolvi fazer a gororoba:

Arroz velho, feito com cebola, alho e sal (sem sódio...).

Um tanto de manteiga e creme de leite (tudo DIET...).

O arroz estava quase sem sal, portanto caía bem muzzarella ralada - faz parte da receita. Existe muzzarella diet?
 
A coisa ficou meio grudenta, então eu coloquei leite (desnatado)...

Na receita original pode-se colocar lombo. Po! Aquilo ia virar canja, então coloquei uns bacons fritos, em pedacinhos quadrados (diet, trazido das montanhas das Vacas Magras, no nordeste brasileiro...).

Alecrim eu tinha num vaso (de planta, ok?). Resolvi pegar uns galhinhos, afinal, colocam isso no prato italiano. Aproveitei e botei manjericão, já que ninguém sabe o que é o quê mesmo...

Pimenta? Eu sabia que muitos dos convidados iriam reclamar, uma vez que tinham hemorróidas. Não acrescentei à receita, mas se a colocasse, seria pimenta do reino, pra dar logo uma puta trombose...

Tudo arrumado para esquentar? Faltava algo... Algo que dispensasse algum prato adicional. Pensei, pensei e decidi: Presunto velho cortado em tirinhas!

Pra dar o toque final, descongelei tomate seco, para enfeitar o prato, e salpiquei queijo parmesão por cima.

É importante que não usem arroz muito salgado, pois com o queijo parmesão e a muzzarrella o prato vai ficar mais salgado ainda.

Se eu tivesse tempo faria para acompanhamento uns medalhões de carne enroladinhos com bacon (diet...) ou camarões (dietéticos, do litoral lisboeta, alimentados apenas com soja) fritos com óleo de girassol... Mas não dava tempo!

O pessoal ficou na cerveja e no arroz. Pensei em servir cerveja diet, mas aí era sacanagem demais. Depois de certo teor alcoólico, acharam que eu sou excelente cozinheira...

Amanhã todo mundo vai fazer uso das amostras grátis de Floratil que a doctor me deu...

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