Clube da Dona Menô
Dona Menô
Como acabar com a rotina no namoro
Recado da Dona Menô
 
Minha sobrinha, a Menozzette, quis que eu escrevesse sobre a rotina do namoro. A intenção era que seu namorado fosse induzido a ler minhas dicas.... Eu pensei, pensei e resolvi primeiro consultar uma página de pesquisa na Internet, que todo mundo usa, pra saber o que andam dizendo nos sites, revistas virtuais, fóruns e coisa e tal.
 
Gentem! Tá tudo mudaaaadooo! Aliás, o mundo mudou... E com ele, os hábitos também. Pensei que a coisa tinha melhorado, afinal pra que servem as milhares de fontes de informação e vantagens que existem no mundo moderno? A única coisa que não mudou foi o comportamento natural do ser humano. Só conceitos mudaram, mas a racinha humana continua a mesma...
 
Vamos à definição à la Menô do que é namoro:

1 - União de duas pessoas que estão envolvidas amorosamente. Estado emocional onde o ser humano acha que tudo é uma gracinha. 
2 - Relação sem compromisso legal, onde duas pessoas estão apaixonadas ou atraídas fisicamente. 
3 - Fase da vida para se adaptar ao seu par e manjar a dele. Se não tiver mais jeito de sair fora, passa-se ao casamento. 

Pelo que observei, não se define namoro em uma palavra apenas. Talvez nem numa frase. O conceito de namoro muda e mudará pelo resto da evolução da humanidade. O que me espantaram foram as respostas para esta pergunta: “Como acabar com a rotina no namoro?”. Não pensava que uma pequena pergunta gerasse respostas quilométricas...
 
O que está acontecendo é que as pessoas não sabem perguntar. Se soubessem, na própria pergunta estaria a resposta. Rotina é uma coisa, tédio é outra totalmente diferente. Rotina é um conjunto de hábitos, práticas sistemáticas que adaptam o homem a determinada função. Tédio num namoro é desânimo, falta de estímulo, falta de perspectiva, desinteresse por tudo que envolve essa relação.
 
A pergunta deveria ser “Como acabar com o tédio que tomou conta do meu namoro?”. Bem, a partir do momento que a própria pessoa já é conhecedora do que está incomodando esse namoro, basta cada um descobrir o que causou o tédio, concordam?
 
Cada um sabe onde o calo dói. Não existem fórmulas para afastar aquilo que está acontecendo dentro da cabeça de cada um, pois todo indivíduo é único. O desajuste numa relação a dois, o que a torna tediosa, acontece porque um não sente mais o mesmo prazer na companhia do outro. Talvez a situação seja mais fácil quando o desinteresse é mútuo. Neste caso, como não há compromisso, e ninguém veio ao mundo pra ser masoquista, a separação é a solução.
 
A melhor coisa num namoro é que ninguém tem obrigação maior de ficar com o outro. Namoro é conhecimento, não é compromisso, não se assina apólice, não se faz contrato. O que todos procuram é estar bem com o parceiro. Uma vez que nossa sociedade é monogâmica, travamos uma verdadeira batalha ao longo do tempo para que este namoro seja duradouro, não apenas suportável, mas prazeroso e compensador para ambas as partes.
 
Li absurdos direcionados principalmente aos jovens, esses que agora começam a conhecer o mundo e tentam para se superar na tal “rotina do namoro”. Gente sugerindo visitas a novos motéis ou a fazerem sexo em situações exóticas; gente impelindo uma traiçãozinha básica, e por aí vai. Isso me parece chover no molhado... É impressionante como falam tanta besteira para os outros, como se relação humana fosse receita de bolo.
 
Num namoro, com ou sem sexo, tem-se que ter o cuidado para não trazermos a preguiça para o dia-a-dia. Temos o costume de perder o interesse ou não dar mais a mesma importância a tudo aquilo que já conquistamos. Perde-se a graça inicial.
 
Aí é que mora o perigo para os jovens. Não pensem que vocês serão imortais, que se manterão lindos por toda a vida, dinâmicos, capazes de qualquer desafio, que não serão substituídos jamais. Aliás, aí está a grande semelhança entre uma pessoa idosa e um jovem: os dois se preparam para o futuro. Só que o jovem ainda vai vivê-lo, e o idoso, perdê-lo. Cada conquista de suas vidas deve ser valorizada. No caso de terem encontrado um parceiro (a) adequado (a), capaz de compartilhar uma vida a dois, pensem bem antes de tomarem uma atitude intempestiva, rompendo com algo que poderão não mais encontrar adiante.
 
Saibam ver exatamente onde estão os pontos negativos que levam ao tédio (não à rotina) e se são passíveis de mudanças e melhorias. Maturidade numa relação é saber manter o encanto. A coisa engraçadinha que ele (a) fazia ontem pode ser extremamente chata hoje. Aquele defeito, que mais parecia um charme, hoje é encarado como algo que incomoda e faz com que olhem em volta e façam comparações. A comparação deve ser feita com o seu "eu" de ontem e de hoje, com o que mudou na cabeça de vocês, pois o amor e a atração acontecem no cérebro. É este que deve ser trabalhado.
 
A rotina é necessária. Uma rotina bem feita não atrapalha romantismo nem tesão de ninguém. O que impede um namoro continuar, apesar da rotina, é a imaturidade do casal e a falta de capacidade de se manter acesa a tal chama ou a falta de inteligência em não se saber regar a tal plantinha.
 
Deixem de preguiça! Aprendam a viver! A juventude é curta, se comparada com o tempo que cada vez mais o ser humano alcança. Vivemos - ou sobrevivemos - mais tempo velhos do que jovens. Quando falo em viver, estou me referindo a passarmos por todos os problemas e prazeres que a vida proporciona. Se quiserem ter companhia para seguir essa caminhada, aprendam, cada um ao seu modo, a “suportar” o outro e a encontrar junto a este, afeição, amor, carinho, diversão etc.
 
Não existem táticas ou técnicas para se prender alguém ou fazê-lo sempre apaixonado. Não há como abafar sentimentos. Vocês podem até manter pela vida toda um namoro (que até pode virar casamento), mas jamais vão ser plenos na vida se não puderem dar felicidade a quem está ao seu lado e se sentirem felizes da mesma forma.
 
Se o caso é o programa de televisão ou o jogo do fim-de-semana que deixam seu par desgostoso, por que não mudar um pouquinho sua vida? Afinal, e assim espero, de muitos jogos ainda participarão, muitos programas de TV serão assistidos por vocês por anos a fio... Se for a namorada que está um porre, irritante, ciumenta, que tal dar uma guinada nessas bobagens? Ela (ele) não está tão atraente? Pode-se ser atraente até com o olhar e com palavras... Há quanto tempo não se divertem?
 
Já sentaram para discutir a relação? Sim, discutir a relação: um peso, uma medida. Nada de brigas. Falem sinceramente e façam autocríticas. Nem sempre é o outro o culpado da coisa.
 
Se tudo na vida fosse isso... Mas, olhem, é uma boa parte dela, que deve ser muito bem analisada. E se a relação murchou, aprendam que viver sozinho não é tão incomum assim. Sozinha a pessoa tem mais chance para se realizar com outra pessoa. Não vivam nem um segundo de suas vidas amargurados, ao lado de quem não lhes quer como gostariam. E sejam corajosos, pois pode ser que jamais encontrem suas caras-metades, o que não mata ninguém. Pelo menos assim, estarão sendo honestos com vocês e com a outra pessoa.
 
Já viram como no reino animal os bichos (na maioria os machos) se enfeitam para serem escolhidos? Observem o pavão... Ele tem aquele rabão todo por quê? Pra atrair a “pavoa” e ser escolhido. É só ela se aproximar que ele fica todo empavonado.
 
Os animais escolhem seus pares para fins de procriação, sempre procurando aquele que poderá transmitir os melhores genes aos filhotes. Em alguns a monogamia existe, como é o caso do corvo e do pinguim. Na nossa evolução, porém, exercitamos também sentimentos, que não existem tão aprimoradamente nos outros seres. Devido a esta capacidade, criamos comportamentos variados e emoções nem sempre satisfatórias. Se raciocinamos, temos conflitos. Ajam com o coração, mas botem a cabeça pra funcionar.
 
Nenozzette, eu não sei se ajudei ou acabei com seu namoro, mas, venhamos e convenhamos, você é linda pra chuchu. Se aquele camisolão do seu namorado preferir passar este domingo lindo vendo aquele programa de auditório, pelo amor de Deus, coloque um biquíni e vá pra praia. Lá tá cheio de garanhão. Quero ver se ele não vai ficar com medo de a testa espetar...
 
 
Leila Marinho Lage