Clube da Dona Menô
Dona Menô

 
História de Ubatuba
(Texto de Eliana Rocha)




O nome Ubatuba é de origem tupi-guarani e pode significar “sítio das canoas ou das canas” segundo Teodoso Sampaio.
Estudos da arqueóloga Dorath P. Uchoa, efetuados nos sítios do Tenório e ilha do Mar Virado, no Saco da Ribeira, comprovam que Ubatuba teve uma população de caçador- coletores antes do início da era cristã. Os vestígios encontrados demonstram que eles andavam em bandos, percorrendo as praias em busca de alimento marítimo para complementar a sua alimentação. Os objetos encontrados nos sítios estão no Museu da Fundart, em Ubatuba. 
Os índios Tupinambás chamavam Ubatuba de Iperoig, que significa Rio das Perobas.
Em Ubatuba ocorreu uma batalha diplomática que foi decisiva para o futuro do Brasil. Tupinambás, franceses e portugueses disputavam a costa brasileira. Villegaignon, com o apoio do rei da França Henrique II, partiu do porto de Havre e chegou ao Brasil em novembro de 1555; entrou pela baía de Guanabara - a intenção era instalar uma colônia francesa. 
As relações dos franceses com os tupinambás eram amistosas. Eles praticavam o escambo. Os franceses instigavam os tupinambás a lutar contra os portugueses. Os franceses se uniram aos índios com o intuito de garantir a instalação da colônia francesa em terras brasileiras.
Os índios hostilizavam os portugueses, pois eles queriam os escravizar. E, para lutarem contra os portugueses, os índios tupinambás, comandados pelo chefe Cunhambebe, formaram uma aliança com tribos da costa entre Bertioga e Cabo Frio. Outros chefes também se uniram, como Guaratinguaçu, Pindubuçu, Aimberê, Panabuçu, todos do Vale do Paraíba.

Após a aliança dos índios e a união destes aos franceses, os portugueses tiveram que iniciar uma luta diplomática difícil e longa. Os escolhidos para a missão foram os jesuítas Manoel de Nóbrega e José de Anchieta, que conseguiram a vitória após muito tempo de negociação. A paz se consolidou com a construção da Igreja, que foi ordenada por Cunhambebe, e a assinatura do tratado de Paz de Iperoig em 14 de setembro de 1563 entre índios e portugueses.
Após o tratado de paz celebrado com os tupinambás, os portugueses expulsaram os franceses e fundaram a cidade do Rio de Janeiro em 1567. 
O fundador de Ubatuba foi um nobre dos Açores, Jordão Homem da Costa, que chegou em 28 de outubro de 1637, quando criou o povoado. A seguir, vieram Gonçalo Correa de Sá, Salvador Correa de Sá, Arthur de Sá, Belchior Cerqueira, Miguel Pires de Isasa, Antonio de Lucena, Inocêncio de Unhate e Miguel Gonçalves. Nesta época os colonos ganhavam sesmarias e o compromisso com o Governo Português  era o de defender as terras. 
Com a vinda dos colonos, os índios aos poucos foram expulsos e se refugiando nas florestas, para viverem livres, já que sempre foram perseguidos.
A cidade recém fundada prosperou com as fazendas. No centro urbano surgiram  pequenas indústrias voltadas para atender o campo como: engenhos de açúcar, serrarias, fornos de olaria, estaleiros e embarcações.
O decreto do presidente da província de São Paulo, em 1787,  determinou que toda embarcação usasse o Porto de Santos, já que os preços eram mais baratos. A partir desse decreto, Ubatuba começou um processo de decadência. Os fazendeiros abandonaram suas plantações e os que ficaram, plantavam para a própria subsistência.
Com a vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil, D. João abriu os portos brasileiros ao comércio estrangeiro e beneficiou o porto de Ubatuba. A abertura dos portos brasileiros ao estrangeiro foi uma imposição da Inglaterra.
O progresso voltou à cidade, ressurgindo os cultivos da cana, fumo e cereais. Com isso, o Porto de Ubatuba intensificou o seu movimento, passando a ser o primeiro lugar no litoral norte.
A construção da estrada que ligava Ubatuba ao Vale do Paraíba pela serra, via Taubaté, auxiliou esse crescimento, já que o escoamento dos produtos levava menos tempo.
Vários casarões e sobrados faziam parte da arquitetura da cidade, porém, em nome do progresso, todos foram demolidos, permanecendo só o Casarão do Porto - antiga residência e armazém de Manoel Baltazar Fortes, hoje sede da FUNDART - Fundação de Arte e Cultura.



O apogeu de Ubatuba ocorreu durante o Império até o início da República. A construção da estrada de ferro D. Pedro II, entre o Rio de Janeiro e São Paulo, resultaram na transferência das exportações para o porto de Santos, o que trouxe nova crise para a cidade.
O Banco de Taubaté e uma Companhia Construtora tentaram efetuar a construção de uma ferrovia entre Taubaté e Ubatuba, porém o Presidente Floriano Peixoto suspendeu a garantia de juros sobre o valor do material já importado, o que provocou a falência do Banco de Taubaté e da Companhia Construtora.
Sem a perspectiva de construção da estrada de ferro, Ubatuba decaiu e sua população diminuiu. Com isso, estrada que ligava Taubaté a Ubatuba sumiu no meio da mata. O acesso a Ubatuba se dava por um navio que passava de dez em dez dias. A precariedade de transporte transformou Ubatuba em uma cidade isolada. Não havia estrada terrestre ao longo do litoral, e toda a comunicação era feita através de canoas. A falta de acesso fez fracassar a tentativa de atrair colonos europeus. 
A energia chegou em 1969, depois da instalação da Petrobrás em São Sebastião.
O isolamento de Ubatuba só beneficiou a sua beleza natural, que permaneceu intacta. Hoje ela pode oferecer um litoral com praias lindas. O litoral vasto fez com que a cidade investisse no turismo. Ubatuba tem uma excelente infra-estrutura turística, uma ampla oferta gastronômica e oferece uma noite bem movimentada.  Seu comércio é bom, atendendo as necessidades turísticas.
Hoje o turismo é a maior fonte de renda do Município de Ubatuba. O turismo Ecológico-Ambiental, de Aventura e Cultural, estão sendo praticados, já que Ubatuba possui um vasto Patrimônio Natural e Histórico-Cultural: fauna e flora da Mata Atlântica, mais de 80 praias (Continente e Ilhas), cachoeiras, ruínas de antigas fazendas, antigas construções no centro do Município, sua História e sua Cultura Popular, além do Patrimônio Humano: caiçaras quilombolas e índios Guaranis.



Na entrada da cidade há uma estátua em homenagem ao Caiçara. Caiçara, palavra de origem tupi, se refere aos habitantes das zonas litorâneas. Esse termo é muito utilizado nos Estados de São Paulo, Paraná e sul do Rio de Janeiro.
No início era utilizado para indicar o indivíduo que vivia da pesca de subsistência, mas com o tempo se estendeu e passou a designar os moradores de zonas costeiras.
Da miscigenação de brancos de origem portuguesa e indígenas, que começou a ocorrer no século XVI, surgiram as comunidades caiçaras.

Bibliografia:
Folclore Brasileiro / Nilza B. Megale - Petrópolis: Editora Vozes, 1999.
Brasil, Histórias, Costumes e Lendas / Alceu Maynard Araújo - São Paulo: Editora três, 2000.
Site da Prefeitura de Ubatuba
http://www.ubatuba.sp.gov.br/

Imagens de Leila M. Lage e Eliana Rocha