Clube da Dona Menô
Dona Menô

SOLIDÃO II



SE EU QUISER FALAR COM DEUS

http://www.youtube.com/watch?v=3eKnerBU4HY

Eu acho que to legal dessa coisa de falar com Deus...

Eu já comi (e como) o pão que o diabo amassa; fiquei a sós; apaguei minhas luzes, fiquei pelada e calei muitas vezes minha voz. Não encontrei a paz, entretanto - apesar de folgar tantos nós...

Quando esqueci datas e contas, não adiantou: não consegui falar com Deus nessas horas. Mas já aceitei a dor e já me vi tristonha tentando alegrar meu coração, aventurando-me em novos caminhos.

Já virei cão e lambi chãos. Também tive que esquecer dos meus castelos. Já me senti medonha, e, mesmo assim, me achei linda...

Já me aventurei e continuo agora com outra aventura, sem cordas, sem amarras e sem porto.

Eu digo adeus a tantas coisas... Sigo estradas e vejo que elas acabam, exatamente como a música. E só consigo mesmo me encontrar com Deus quando estou diante da natureza e sozinha, escutando o meu interior.

Assim estive ontem. Eu estava muito triste, mas com Deus, apesar de tudo. Eu só não posso acabar minha vida achando que não encontrei nada do que eu podia encontrar...

Texto e foto
Leila Marinho Lage
Trecho do canal do Itajuru, cabo Frio, Rio de Janeiro
Fevereiro de 2011
http://www.clubedadonameno.com

SE EU QUISER FALAR COM DEUS
(Composição de Gilberto Gil)

Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar