Clube da Dona Menô
Dona Menô

 Há 12 anos, há 15 dias e ontem

“Roda mundo, roda gigante, roda-moinho, roda pião. O tempo estancou num instante nas rodas do meu coração”. Este é o refrão da música Roda-viva, de Chico Buarque, muito apropriada para hoje.
Eu passei a tarde de sábado, dia 6 de outubro de 2007, com Eliana Rocha e amigos, nas ruas do Rio de Janeiro. A intenção é dar continuidade às “visitas de médico”, agora direcionadas ao nosso Rio de Janeiro. Hoje eu visitei a feira do Rio Antigo e tiramos muitas fotos para uma futura crônica. Pensei em começar o trabalho imediatamente, ao chegar em casa, mas não deu....
Recebi um telefonema de Marinho Duka, um cantor, guitarrista e compositor, que começa agora e faz parte do grupo chamado Apnéia. Estão despontando e pensam em Dezembro lançar um disco. Já tocaram no encerramento da novela Paraíso Tropical.
Este artista me disse que um amigo fazia aniversário e iam comemorar no restaurante Folleto (Barra da Tijuca, Rio de Janeiro), colado ao um Supermercado.
Botei um pretinho básico e parti pra luta. Levei na garupa minha prima Celize e o filho dela, Mayco – futuro correspondente do Clube da Dona Menô, meu site.
Até aí, nada de importante, não é? Mas, foi, e sem querer.
Há uns 15 dias atrás eu fui à praia pegar sol, também com Celize e outro filho dela, o Caio. Como sair com minha família é sempre um acontecimento (eu faço acontecimento de tudo, por sinal), resolvi naquela tarde almoçar em grande estilo no Folleto e depois ir ao mercado. Nada melhor do que fazer as duas coisas num mesmo lugar.
No Rio a gente vai de canga pra qualquer lugar. Biquini e sandália fazem parte da indumentária carioca, portanto, entrar num lugar bacana, num domingo de sol, a caráter, é estar de sunga, biquíni, bermuda ou boné... Eu queria apenas comer folha num self service, fazer xixi e depois fazer as minhas compras.
Não prestou... Ao sentarmos percebemos que um rapaz cantava docemente- apenas um violão à la Caetano Veloso e um repertório que ia de João Bosco a Jota Quest. Ele interpretava as músicas com tanta melodia que eu comecei a prestar atenção nas letras pela primeira vez. Ficamos vidrados no cantor e lá fui eu dando o cartão do meu site e meus contatos, dizendo que queria divulgá-lo para o meu povo.
Passou-se o tempo e nenhum contato foi feito até ontem, quando ele me ligou para me convidar pra tal festinha. Eu poderia fotografar à vontade e ter o material para o que eu queria.
Maico, filho de minha prima, adora fazer estas coisas meio loucas, inesperadas; adora eventos culturais e coisas afins. Só que ele estava meio escabriado que poderia ser uma furada e nós o estávamos tirando da frente de um belo filme no DVD, provavelmente de extra-terrenos...
-“Tia (odeio me chamarem de tia..), a senhora (piorou...) sabe se este cara é bom mesmo?....”.
- “Sei, garoto”- Ele tem 20 anos, mas eu o fiz nascer, então posso chamá-lo de garoto.
- “Se for uma merda eu saio fora...”.
- “Se for uma merda, eu prometo que vou contigo ao mercado, ok?”.
- “Mercado a esta hora?!”.
- “Claro, guri, mercado 24 horas. A gente vê tudo quanto é tribo lá de noite e de madrugada. Vai gostar”.
Maico preferiu calar a boca a escolher batatinhas e vagens...
Encontrei Marinho passando o som e não quis incomodar. Fui a um balcão saber não sei o quê e reconheci a fisionomia do aniversariante, que era amigo do cantor e tocava teclado de vez em quando no grupo. Ele me perguntou se eu tinha alguma coluna em jornal, depois se eu era obstetra. Claro que era um pai de algum bebê que eu coloquei no mundo. Só não sabia quem era a mãe, nem o bebê...
Assim que nos entendemos, eu reconheci Marise, a mãe do tal bebê, que hoje tem 12 anos, Jean.
Aí, a coisa ficou em família e passamos uma noite muito animada. Marinho e seu conjunto arrasaram no vocal e no instrumental, a ponto de Maico, o intelectual, dizer que nunca ouviu ninguém tocar Dire Straigts daquele jeito.
O legal de tudo foi a hora do orador fazer as homenagens. Ele mandou que as pessoas oferecessem as rosas, que cada um tinha recebido, para alguém ao seu lado. O que me emocionou foi receber esta rosa de Jean, o menino que eu só tinha conhecido no dia do seu nascimento.
Depois mandaram que retirássemos cada pétala de nossa rosa, pensando em cada etapa de nossas vidas, tudo o que tínhamos feito, e o que ainda estava por fazer; que as dedicássemos às pessoas que passaram em nossas vidas. Deixei propositalmente uma pétala na flor, porque esta estava dedicada a alguém tão especial na minha vida que não poderia ser arrancada dela.
A família, acidentalmente amigos em comum, me emocionou da mesma forma que eu. Os primos adoraram a novidade. O conjunto musical é maravilhoso. Marinho vai em breve arrasar por aí e vou acompanhar sua evolução (ele está cantando neste restaurante atualmente).
Um dia especial e movimentado. Eu imaginava tudo, menos que eu ia encontrar Jean, o ex-bebê, me dando um abraço apertado. Acho que pra ele deve ter sido também emocionante conhecer quem o tocou pela primeira vez na vida.
Cada pétala de todas as rosas de minha vida são muito perfumadas. Graças a  Deus.

Leila Marinho Lage
Rio, que continua lindo, 7 de outubro de 2007