Clube da Dona Menô
Dona Menô
Santa

 
 
Eu teria que passar uns dois dias em Santa Tereza para poder escrever sobre ela. Aqui, apenas farei um resumo de onde eu fui no sábado. Sempre faço “visita de médico” em Santa. Já andei por lá algumas vezes e já comi especiarias que não se come em lugar nenhum do Rio. Já senti um pouco o “clima” do bairro, mas sempre muito rapidinho. Este é o problema de quem mora aqui – nunca damos o real valor ás nossas relíquias.
Santa Tereza é um bairro do Rio de Janeiro, situado numa colina, próxima ao Centro da Cidade. Surgiu no século XVIII por causa de um convento com o mesmo nome. Pode ser acessada por vários pontos da Cidade, como a Lapa, Laranjeiras, Glória, Cosme Velho, Botafogo, Catumbi e Rio comprido.
Ela conserva um ar bucólico, com casarões aos moldes da França antiga, ruelas e ladeiras para todos os lados. Guardadas as devidas proporções, podemos dizer que estamos na Lisboa antiga.
È famosa pelos centros culturais, pela gastronomia variada (inclusive alemã), tendo centenas de restaurantes e bares, onde podemos encontrar músicos e cantores da melhor qualidade. É o maior reduto carioca de pintores e artesãos de todos os estilos. Manuel Bandeira e Villa Lobos foram alguns dos muitos famosos que lá residiram. O bondinho ainda é o principal meio de transporte, acrescentando um ar mais romântico ainda ao lugar.
As ruas fervem, tanto durante de dia quanto de noite, principalmente a partir das sextas-feiras.Talvez seja o lugar com a maior frequência de turistas estrangeiros no Rio de Janeiro.

 Infelizmente, a violência está prejudicando Santa, o que faz com que tenhamos que fazer um “roteiro” para não cairmos dentro de uma favela. Não pela favela em si, lógico, mas pelo tráfico de drogas, que encontrou local propício para se instalar. Principalmente o roubo de carros tem deixado a população apreensiva.
Se perguntarmos aos comerciantes se Santa está perigosa, receberemos uma resposta negativa. Pelo que observo, como em vários pontos turísticos do Rio, existe uma convivência quase que pacífica entre bandidos, moradores e turistas, uma vez que todos necessitam “sobreviver”... Observo que o maior problema não é lá, mas no acesso - na ida e no retorno.
Duas vezes ao ano os artistas expõem suas obras nas ruas e o lugar entope de gente. O Carnaval local também é muito famoso pelos seus blocos de rua.
Aqui vou me restringir apenas ao lugar que visitei naquela noite: O Bar do Marcô.
Marcô não estava.. Ele não sabia que eu ia... Basicamente, lá se toca samba, chorinho e jazz. Ainda vou voltar lá para ouvir um trombone que disseram ser uma maravilha, mas conheci dois grandes artistas antes de ontem.
Um detalhe interessante e um tanto... vamos dizer... exótico: É quase uma hora da madruga e eu achei o telefone da casa na Internet. Liguei para saber qual o nome do grupo de ontem e...acordei o Sr Marcô na sua casa... Não tenho culpa! Estava na Net!
Sr Marcô, me desculpe, tá? E obrigada pela compreensão e simpatia, depois de eu ter lhe acordado, já que nunca falou comigo antes...
Bar do Marcô: R. Almirante Alexandrino, 412 - Santa Teresa, perto do Largo dos Guimarães. Funcionamento: Terça, de 10h ás 18h, Quarta à Segunda, de 10h às 2h, http://www.samba-choro.com.br/casas/rio/138.


Lá, conheci Beto Vieira (violão de sete cordas) e Pedro Bigode (bandolim). Tocou também um amigo deles (não peguei o nome), que deu uma canja, já que a cantora não foi.
Gente, os caras são um arraso! Ouvir chorinho já é lindo, ainda mais com profissionais desta qualidade. Não deixaram nada a dever a Waldir Azevedo, que, para mim, foi o maior dos maiores instrumentistas de todos os tempos. Eu convivi com seu som na minha infância inteira.
Eu acho que todos dão aula e fazem eventos, mas só peguei os telefones do Beto: (21) 8894-3494 ou 2428-2080

                      


Pedro Bigode


Beto Vieira

A truta com alcaparras estava uma delícia. Porque eu só penso em comer? Esta coisa de fazer dieta está acabando comigo. Agora vou sonhar com pasta de grão de bico, que serviram de entrada, por uma semana... Por falar em pasta, convidei Edinalva para a comer comigo. O bom do brasileiro é que ele faz amizade com a maior facilidade. E foi assim que conheci esta baianinha de Ilhéus.
Edinalva é figura conhecida na região. Ela anda em Santa Tereza pra cima e pra baixo, vendendo bijuterias e bolsas de sua própria confecção. Posso dizer que ela é a Dona Menô abaianada, com jeito de Ivete Sangalo e Rita Lee. Soube que mora num castelo... Alguns castelos de Santa viraram prédios residenciais e é lá que esta “princesa” faz seus trabalhos.


Edinalva 

Até já fizeram um site para ela: http://www.baianartes.xpg.com.br. Podem também a encontrar na
“Comunidade baiana guerreira”, do Orkut.
Como toda boa baiana, ela analisou minha aura da cabeça aos pés e a gente se amou de cara. Comemos juntas o resto do homus bi tahine, enquanto ela contou sua vida. Pretendo comprar suas bolsas hippies, mas ganhei uma pulseira de contas, que ela disse que vai me dar muita sorte. Irei usar, viu, baianinha?...
Estou pensando seriamente em fazer uma excursão com os admiradores do Clube da Dona Menô. Santa Tereza vai ser o primeiro lugar. Vou levar como guia alguém do local, que, com certeza, tem que ser doido que nem minha personagem, de preferência uma ex-hippie, que nem “ela”. Já estou até bolando quem seja... Tenho absoluta certeza de que não só os coroas vão querer entrar nesta, como, também, os mais jovens. Vamos combinar?

 
Leila Marinho Lage
Rio, 22 de outubro de 2007