Clube da Dona Menô
Dona Menô

Túnel de Vento


Daedalus e Icarus
Charles-Paul Landon 1799

Eu fui conhecer o túnel do vento... Só me deixaram ver um buraco, é certo, mas é o buraco aonde vai se instalar o túnel do vento em Goiás ainda este ano!
 
A gente já ouviu falar em túnel do tempo - aquele seriado surreal sobre viagens no passado e no futuro. Só que aquilo que fui visitar é real e acontece agora.

Em breve em Goiânia teremos o maior centro para treinamento de pára-quedistas em salto livre, tanto para aplicação militar quanto amantes da queda livre.

É um túnel aerodinâmico que testa a ação do ar sobre um objeto. Este túnel trabalha com diferentes velocidades de ventos, que é controlada manualmente de acordo com o peso do usuário.

Onde se utiliza o túnel de vento

Ensaios aeronáuticos: perfis, asas, aeronaves, foguetes e subsistemas
Ensaios de veículos rodoviários: automóveis, caminhões e ônibus
Ensaios de edificações: prédios, pontes, torres, antenas, etc.
Ensaios navais: navios, submarinos e plataformas marítimas
Ensaios de calibração de anemômetros de vento

Para os treinos de pára-quedismo se projetou um túnel de metal e acrílico, de forma cilíndrica, na vertical, de 4 a 6 metros de diâmetro, com uma hélice de avião embaixo, a 2200 RPM e ventilando ar contínuo que varia de 150 a 200 km por hora. Modelos mais avançados utilizam ventiladores de grande capacidade (FAN), quase uma turbina e fazem o reaproveitamento do ar (recirculação), o que aumenta a velocidade terminal e reduz o nível de ruído, além de ser considerado ecologicamente correto, isto é: por ser motor elétrico, não polui e não afeta a camada de ozônio.

Técnicos especializados controlam com precisão a rotação da hélice e a potência do fluxo de ar.

Este simulador de salto pode ser utilizado para melhorar a performance dos profissionais e atletas ou facilitar o treino dos iniciantes, desmistificando a atividade do salto livre em suas diversas modalidades.

O túnel permite até 110 kg de peso humano suspenso no ar, podendo regular altura e descida até o solo sem maiores problemas.
 
Arquimedes e Leonardo da Vinci já tinham tentado projetar modelos em escalas reduzidas, porém, isto só foi possível após a descoberta da Teoria da Semelhança Mecânica por Isaac Newton e do Teorema de Bridgman.
 
Vantagens do túnel

No ar o saltador pode sair do avião com segurança a partir de 3000 até 33.000 pés, executar uma queda livre estabilizada e comandar com segurança a abertura do seu pára-quedas a uma altura de 2500 pés, conforme o tipo de equipamento que estiver usando ou o trabalho que estiver realizando. A média para um saltador operacional é de 12 mil pés - uns 4 km.  A partir dessa altura, o salto já é considerado a grande altitude e, portanto, necessita de equipamentos adicionais tais como: capacete com dispositivo para afixar uma máscara de oxigênio, cilindros com oxigênio suficiente para a permanência na atmosfera rarefeita e roupas especiais para driblar a baixa temperatura, que a 33000 pés pode chegar a 45 ºC negativos. São mais ou menos 10 segundos até se atingir a velocidade terminal, levando em conta o peso, atrito com o ar e posição assumida. No túnel a pessoa pode se manter em treino até uns 10 minutos a cada vôo, pois, a partir daí, existe esgotamento muscular.

Qualquer saltador corre o risco, não só de quedas, mas também de sofrer os efeitos da hipóxia, isto é falta de oxigênio no cérebro quando se está saltando em alturas extremas. Para saltar em grande altitude necessita antes de tudo, uma completa avaliação médica e física, bem como ser testado no solo em câmera hipobárica. São riscos e gastos dispensáveis na fase de treinamento se utilizado o túnel de vento.

A segurança do vôo no túnel leva à tranqüilidade do saltador, que poderá executar as manobras e técnicas de salto sem a preocupação com a altura de comandamento, nem apreensão quanto aos acidentes, além de não lhe exigir horas e horas de vôo para realizar os saltos de adestramento.

O Brasil possui uma elite de saltadores do exército. O exército adquiriu o túnel para priorizar a qualidade de treino destes militares. Eles são treinados sistematicamente tanto no Brasil quanto no exterior e são os responsáveis pela infiltração da força terrestre em áreas hostis ou em conflito, como também guardam nossas matas e fronteiras.
 
A Brigada de Operações Especiais, uma unidade sediada em Goiânia, será num curto espaço de tempo referência do pára-quedismo na América Latina. A brigada de goiânia está estrategicamente localizada próxima ao aeroporto, no centro do país e próxima a Brasília, o que permite uma rápida mobilização das tropas por via aérea. 

Com a utilização do túnel haverá acentuada economia dos recursos financeiros do exército. As horas de vôo destinadas a saltos de adestramentoonde serão substituídas por vôos no túnel de vento e o avião será utilizado para as infiltrações e planos de prova que atestam a permanente atividade aeroterrestre. Gastos com combustível serão reduzidos, vida útil dos pára-quedas aumentada, desgaste humano reduzido e, assim, quanto mais horas de vôos para treinamento, menores incidentes e acidentes ocorrerão.
 
O túnel de vento substitui o avião apenas no tocante ao adestramento da queda livre. Pode se repetir infinitamente uma figura, uma formação ou um estilo, porém não substitui a adrenalina do momento imediatamente anterior ao abandono da aeronave em vôo, nem a indescritível sensação de liberdade, vendo o mundo totalmente submisso embaixo de seus pés após a abertura do velame, que sempre queremos retardar para prolongar ainda mais o raro prazer de voar.

Leila Marinho Lage
Rio, 07 de abril de 2007
http://www.clubedadonameno.com